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segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Lima Barreto n'O Cemitério dos Vivos

Lima Barreto deixo o livro O Cemitério dos Vivos inédito. Este romance te um profundo cunho auto-biográfico de Lima Barreto. Junto com Diário do Hospício ele representa uma dolorosa descrição dos processos de internação do autor junto ao Hospital dos Alienados no Rio de Janeiro. (a foto ao lado é da internação de 1919, descoberta recentemente).

Lima Barreto foi internado pela primeira vez aos 33 anos, levado contra sua vontade a pedido do irmão, em 18 de agosto de 1914. Segundo relatos, Lima sofria com alucinações e estaria "fora de si". O escritor mais pungente da literatura brasileira de antes do modernismo sofria com o alcoolismo.

Trecho de O Cemitério dos Vivos, de Lima Barreto: 

"Vinha-me um desespero íntimo, um aborrecimento de mim mesmo, um sinal da evidência da minha incapacidade para qualquer obra maior, pois – raciocinava eu – quem teve um ente humano a seu lado, com ele viveu na mais total intimidade em que dous entes humanos podem viver, não o compreendeu, não pode absolutamente compreender mais cousa alguma. E eu atirava meus livros para o lado, e eu me punha a beber, e eu não tratava do meu, e eu me queria anular, ficar um desclassificado, uma bola de lama aos pontapés dos policiais...

Não tinha lido o trecho de Plutarco a que aludi, pois o li no próprio Hospício; mas, agora,
relembrando as minhas impressões, sinto bem que ele tem bastante razão. Eu estava ajuizado e
tinha muito que aprender com loucos.
Prontuário de entrada de Lima Barreto no
 Hospital dos Alienados em 1919.

Da primeira vez, não me demorei observando loucos. Revoltei-me, censurei meu sobrinho; mas desta vez, voltava mais capaz de faze-lo. Eu me tinha esquecido de mim mesmo, tinha adquirido um grande desprezo pela opinião pública, que vê de soslaio, que vê como criminoso um sujeito que passa pelo Hospício, eu não tinha mais ambições, nem esperanças de riqueza ou posição: o meu pensamento era par a humanidade toda, para a miséria, para o sofrimento, para os sofrem, para os que todos amaldiçoam. Eu sofria honestamente por um sofrimento que ninguém podia adivinhar; eu tinha sido humilhado, e estava, a bem dizer, ainda sendo, eu andei sujo e imundo, mas eu sentia que interiormente eu resplandecia de bondade, de sonhos de atingir à verdade, do amor pelos outros, de arrependimento dos meus erros e um desejo imenso de contribuir para que os outros fossem mais felizes do que eu, e procurava e sondava os mistérios da nossa natureza moral, uma vontade de descobrir nos nossos defeitos o seu núcleo primitivo de amor e de bondade."

Ler livro online: O Cemitério dos Vivos, de Lima Barreto

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