Lima Barreto foi internado pela primeira vez aos 33 anos, levado contra sua vontade a pedido do irmão, em 18 de agosto de 1914. Segundo relatos, Lima sofria com alucinações e estaria "fora de si". O escritor mais pungente da literatura brasileira de antes do modernismo sofria com o alcoolismo.
Trecho de O Cemitério dos Vivos, de Lima Barreto:
"Vinha-me um desespero íntimo, um aborrecimento de mim mesmo, um sinal da evidência da minha incapacidade para qualquer obra maior, pois – raciocinava eu – quem teve um ente humano a seu lado, com ele viveu na mais total intimidade em que dous entes humanos podem viver, não o compreendeu, não pode absolutamente compreender mais cousa alguma. E eu atirava meus livros para o lado, e eu me punha a beber, e eu não tratava do meu, e eu me queria anular, ficar um desclassificado, uma bola de lama aos pontapés dos policiais...
Não tinha lido o trecho de Plutarco a que aludi, pois o li no próprio Hospício; mas, agora,
relembrando as minhas impressões, sinto bem que ele tem bastante razão. Eu estava ajuizado e
tinha muito que aprender com loucos.
Prontuário de entrada de Lima Barreto no Hospital dos Alienados em 1919. |
Da primeira vez, não me demorei observando loucos. Revoltei-me, censurei meu sobrinho; mas desta vez, voltava mais capaz de faze-lo. Eu me tinha esquecido de mim mesmo, tinha adquirido um grande desprezo pela opinião pública, que vê de soslaio, que vê como criminoso um sujeito que passa pelo Hospício, eu não tinha mais ambições, nem esperanças de riqueza ou posição: o meu pensamento era par a humanidade toda, para a miséria, para o sofrimento, para os
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