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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Mário Quintana (1906-1994)



Mário Quintana (1906-1994)


Mario Quintana figura entre um dos mais populares poetas brasileiros, seus livros – mais de 30- percorrem o gênero da crônico, infantis, coletânea de poemas. Quintata é reconhecido do público pelo seus estilo direto e divertido, na maior parte das vezes irônico e curto. Características que fizeram da poesia dele popular, mas não muito relevante para a crítica especializada, que apontavam seu conterrâneo Manuel Bandeira, como mais interessante. De fato, Bandeira exerceu papel importante no desenvolvimento da literatura brasileira, em especial com seu fundamental “Estrela da Vida Inteira”.
Comparações a parte, Quintana exerceu e exerce continuamente fascínio em seus leitores. Surpreendente e simples. Carpinejar, em artigo sobre Quintana (que pode ser lido em: http://www.estado.rs.gov.br/marioquintana/, na seção de artigos) definiu “Mário Quintana escreve como que para crianças” pois “vêm o leitor como uma criança”. Justíssima observação que fornece razões para os traços essências do estilo de Quintata.
Os leitores do Blog Flecha livros que ainda não conhecem Mário Quintata pode observar e deliciar-se com dois textos dele que republicamos aqui:

Poema:

Bilhete

Se tu me amas, ama-me baixinho
Não grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em pás a mim!
Se me queres,
Enfim,
Tem de ser bem devagarzinho, Amada ,
Que a vida é breve, e o amor mais breve ainda..

Texto autobiográfico de Mário Quintana:

“Mario por ele mesmo


Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! Eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Ah! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas... Aí vai! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas: ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a Eternidade.
Nasci no rigor do inverno, temperatura: 1grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não estava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro - o mesmo tendo acontecido a sir Isaac Newton! Excusez du peu... Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que acho que nunca escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso! sou é caladão, introspectivo. Não sei porque sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros?
Exatamente por execrar a chatice, a longuidão, é que eu adoro a síntese. Outro elemento da poesia é a busca da forma (não da fôrma), a dosagem das palavras. Talvez concorra para esse meu cuidado o fato de ter sido prático de farmácia durante cinco anos. Note-se que é o mesmo caso de Carlos Drummond de Andrade, de Alberto de Oliveira, de Erico Verissimo - que bem sabem (ou souberam) o que é a luta amorosa com as palavras.”

(Texto escrito por Mário Quintana a pedido e publicado na revista Isto É de 14/11/1984)

Referências: Site em Comemoração ao Centenário do poeta: http://www.estado.rs.gov.br/marioquintana/

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