Eunão tenho sido incapaz de terminar a leitura de umlivrointeiro à três meses.
Minhacompulsiva e ardente participação na Internet, escrevendo blogs, comentando, publicando poemas e lendo o trabalho dos outros parece ter alguma coisahavercomisso.
A maiorparte das minhasleiturasessesdias tem se restringido as bem-escritas colunas do The New Yprk Times. Eu sou umentusiasta do New York Times e lerjornais coincide perfeitamentecomminhapequenaporção de concentração.
Há algumas semanasatrás cresceu meuinteressesobre o fenômeno do “amadorismoemmassa” (mass amateurism) na Web e euespera investigá-lo. Eu perguntei a alguns blogleiros proeminentes especializados emliteratura, Nigel Beale do Nota Bene Books e Andrew Seal do Blographia Literária, paraescreverensaiospara o Webzine (fanzine na Web) de Arte e Cultura chamado “Escape into Life”, queeuedito.
No ensaio de Nigel é citado o autor Andrew Keen que escreveu o livro “The Cult of the Amauter: How the Internet is killing our culture” (traduçãolivrepara o Português: A Cultura do Amador: Como a Internet está matando nossacultura. ) E nãodesejocitar Keen aquinovamentesóporcausa do título desse texto. Desejosomenteresponder a essa questãobaseado na minhaprópriaexperiência de umpunhado de anos, e comomeucomportamento tem mudado emresposta ao meioque é a Internet.
Durantemeuavanço no colégio, eu escarafunchava a literaturacomo se fosse umesporte de contato, devorando os clássicoscomfervor e intensidade. Eu formei-me emInglês, queme deu algumpano de fundo na leitura desses autores, maseu gastei parte de meusestudostambém na leitura dos clássicoseuropeuscujamaiorianãoeradadoconhecimento nas disciplinas do colégio.
Euamor o realismofrancês e o russo. Eu louvo a forçaimaginativa, a habilidade desses grandesautores de criarmundosdentro de suaficção. Meusfavoritos eram Balzac, Flaubert, e Zola, na tradição francesa, e Turguenieve, Tolstoi, Tchekov na russa.
O realismoliterário tornou-se meuópio. Eu via-me capaz de viver nele parasempre, indulgente nesses belos e convincentesmundos. Intoxicado eu gastava dias na biblioteca lendo, perdendo o compasso do tempo e esquecendo qualquercoisaquetinhafeito-me sofrer na vidatrivial.
Os dias da intoxicaçãoliterária podem teracabado, entretanto. Eu relembro, comumpouco de nostalgia deles, masnão posso adentrar naqueles mundosnovamente. Eume recuso a abandonar-me neles, eunão tenho a paciênciaparaler a meticulosadescrição de Zola ou a épicacondução dos personagens e eventosem Tolstoi.
O que acontece desdeentão? Eu teria mudado? E teria perdido minha abilidade de mergulhar na literatura e na arte?
A Internet mudou definitivamente o modocom leio e o queeu leio. Masela mudou tambémminhavisão de mimmesmocomoumpassivo recebedor de “cultura” paraumativo participante e criador dela.
De várias formas,eu tornei-me o exemploperfeito de artistaamador daWeb. Eu publico qualquercoisa, poesia, ensaios, novelas, muitas vezescomomerosrascunhos. E comovários blogueiros, tenho umfrissonpelaliberdade de expressarmeuspensamentos, minhasimpressões e minhaarte.
Eume lembro fortemente de umprofessor de escritacriativa do colégio uma vez dizendo paramim – depoisqueeu anunciei a elemeudesejo de serumescritorprofissional – “Vocênão publicará nospróximos de dezanos. Eu posso verseucadáver.”
E então, agoracom uma certaexuberância e desobediênciaeu publico livremente na Web, tudo, com o apertar de umbotão.
Paramim, a proliferação da expressão artisitica, os vídeos do YouTube, os romances online, o conjunto de poesiaruim, não pode ser considerado como uma perdaoudiminuição da culturamascomo uma reformulação dela.
“Maisartistas, maiscultura.” Eu digo – mesmo se a grandemaioria desses artistassãoinexperientes e despreparados.O atoindividual de criatividade, é issoque é importante, e commaispessoas criando, eu vejo o fenômeno do amadorismoemmassacomobenéfico.
O romanceque estou lendo agora – quandoeu tenho tempoparaler – chama-se Jeff in Venice, Death in Varanasi (Jeff em Veneza, Morteem Varanasi) Desdequeeu perdi minhaconcentraçãoparaler a literaturaclássicaela ficou maispróxima das necessidades das novelas contemporâneas e comliteraturanão ficcional. Qualquerobservadorcasual do romance de Geoff Dyer reconhecerá queelenão é Balzac, nem Tchekov, nem Flaubert. Os romancescontemporâneossãoinfinitamentemais fáceis de se ler do que os clássicos, especialmenteaquelesque aparecem na lista dos mais vendidos do New York Time.
Um comentário:
This is a great honor. You are the first author to translate one of my essays. I will never forget this.
Chris/Lethe
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